LÁ ONDE O VENTO FAZ A CURVA



Estamos falando do Farol do Calcanhar, imbatível nas Américas e o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o de Yokohama no Japão. A inauguração foi realizada em 1912, porém, em 1941 foi iniciada uma grande reforma. A atual torre com seus exatos 65 metros (62 de altura, mais 3 da cápsula que abriga a lâmpada e o conjunto de lentes e refletores) foi erguida e finalizada em 1943.





O belíssimo farol tem como função orientar o movimento de navios, embarcações e aeronaves com seu sinal luminoso. Pintado com faixas horizontais brancas e negras, o Calcanhar destaca-se soberano na orla potiguar. As visitas para conhecer o local são feitas aos domingos com prévia autorização da marinha brasileira.
Tivemos o privilegio de conhecer as dependências e as instalações do farol com seu zelador, o cabo faroleiro Medeiros, que sobe a estrutura duas vezes ao dia para tirar e colocar a cortina que protege o aparelho óptico (conjunto de lentes) e a lâmpada para acompanhar e garantir continuamente o funcionamento do equipamento.

Subimos os 298 degraus da escada em espiral que circunda internamente o ereto Farol do Calcanhar. Janelas generosas oferecem um vento refrescante e intenso ao subir. Para quem não sabe, estas construções de alvenaria arredondadas em forma de torre tem este formato para minimizar o impacto dos ventos em sua estrutura. O cenário no topo do farol é fascinante. Do alto você tem a visão absoluta da curva acentuada da costa brasileira em direção a Amazônia.
Observo na imensidão do oceano pequenos pontos em movimento. O cabo-faroleiro comenta que aquela área é São Miguel do Gostoso, uma dos paraísos do kitesurfe no planeta. O local é um dos mais procurados por atletas e curiosos nos esportes de vela por ter ventos constantes o ano inteiro.
Medeiros explica que a cabeça do farol é hiper-radiante: “A lâmpada tem potência de mil watts e possui um alcance de 38 milhas marítimas. A mente do farol é o conjunto óptico e a lâmpada, e o coração do farol, meu caro, é o faroleiro. Não ter medo de altura, de vento e ser adaptável a lugares inóspitos e solitários é fundamental para esta carreira”, conta ele.
O Farol do Calcanhar e Medeiros, o cabo-faroleiro, são duas das gratificantes descobertas que tive em viagens pelo Brasil.
 Blog do Arthur Veríssimo

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