ANDRÉ HORTA EXPLICA PACOTE DO GOVERNO DO RN

Governo quer aprovação do pacote ainda em setembro


O Governo do Estado afirma que, caso o pacote tributário com aumento de impostos apresentado à Assembleia Legislativa não seja aprovado até 30 de setembro, o estado potiguar deixará de arrecadar cerca de R$ 20 milhões por mês a partir de janeiro. A estimativa é do secretário estadual de Tributação, André Horta Melo. De acordo com o titular da pasta, o aumento nas alíquotas do Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCD) vão injetar R$ 230 milhões na receita própria do estado no primeiro semestre de 2016.

André Horta defende votação rápida dos aumentos de impostosAndré Horta defende votação rápida dos aumentos de impostos

Apresentado aos deputados na última quarta-feira (23), o pacote aumenta de 17% para 18% a alíquota de ICMS para mercadorias em geral; de 25% a 27% nas operações de combustíveis (exceto o querosene de aviação); de 26% para 28% no setor de comunicações. Além disso, também cria uma tabela de tributação progressiva para o ITCD: antes estacionado em 3%, a menor alíquota praticada entre os estados, passará a variar de 4% a 8%, de acordo com o valor da herança.

O projeto tem enfrentado resistência do empresariado e dos deputados. Na reunião da última quinta-feira (24), a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Márcia Maia, afirmou que o projeto precisa ser debatido. Ainda não há data para que o projeto seja analisado em plenário. Entidades como o Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) e Federação da Indústria do RN (Fiern) já emitiram posicionamentos contrários ao aumento das alíquotas.

O aumento dos tributos foi aprovado para os estados em reunião do Conselho Nacional de Secretários da Fazenda (Consefaz) em 20 de agosto, e já foi aprovado em alguns estados, como Ceará e Tocantins. Outros, como o Paraná, fizeram o ajuste ainda em 2013. Segundo André Horta Melo, titular da Tributação, o pacote precisa ser aprovado “com urgência” para garantir um incremento na receita do estado, hoje em situação de crise econômica. O aumento esperado não seria capaz de suprir o déficit do estado, que no primeiro semestre deste ano chegou a R$ 257,3 milhões. 

Entretanto, a expectativa do governo é que o setor produtivo também ganhe fôlego para “responder” a partir de 2017.“A crise dos estados tem sido adiado ao longo de uma década e meia por meio de empréstimos, mas o artificialismo chegou ao fim com a crise”, analisa Horta Melo. “Precisamos passar e apagar o incêndio que estamos passando em 2015 e 2016”, pontuou.

Imposto

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Pacote fiscal
Projeto aumenta impostos visando incremento na arrecadação e reequilíbrio fiscal do estado

R$ 487,4 milhões será o déficit acumulado do estado até o final do ano 
R$ 230.040 milhões/semestre é a expectativa de incremento na arrecadação a partir de 2016

Mudanças na carga tributária
ITCD
Como é? 
3% sobre qualquer valor
Como ficará? 
4% para heranças até R$ 1 milhão; 6% para heranças de R$ 1 mi a R$ 3 milhões; 8% para heranças acima de R$ 3 milhões. Estão isentas as transmissões de imóveis do Minha Casa Minha Vida (MCMV)

Expectativa
R$ 12 milhões de incremento anual a partir de 2016

ICMS
Como é? 
17% para transporte de mercadorias e serviços; 25% para combustíveis; 26% para comunicações

Como ficará? 
18% para transporte de mercadorias e serviços; 27% para combustíveis (exceto querosene de aviação); 28% para comunicações

Expectativa
R$ 60 milhões de incremento com o ICMS da gasolina
R$ 28,4 milhões de incremento com o ICMS da comunicação
R$ 129,6 milhões de incremento na alíquota modal

Fonte: Secretaria Estadual de Tributação

Aprovação precisa ser com 90 dias de antecedência Por envolver medidas que exigem "noventena" - ou seja, que precisam ser aprovadas 90 dias antes de entrar em vigor – o governo do Estado tem prazo até o final de setembro para convencer os deputados a votarem a favor do projeto.  Sem isso, o aumento de impostos não entra em vigor no início do próximo ano. O prazo de noventa dias antes da entrada em vigor é uma exigência da Constituição.

“O ICMS não teve crescimento real neste ano, somente o crescimento nominal – ou seja, cresce,  mas não supera a inflação. Se não aprovarmos (o pacote) até 30 de setembro, vamos perder R$20 milhões em janeiro, e o Estado não pode se dar ao luxo disso", explicou o secretário no início da tarde desta sexta-feira (25), em entrevista coletiva.  

Durante a entrevista, o secretário fez coro ao governador Robinson Faria que, em entrevista publicada ontem (25) na TRIBUNA DO NORTE, afirmou que a ajuste seria temporário. O secretário, porém, não deu prazo para fim da política de aumento dos impostos. Questionado se o incremento tributário não poderia gerar o efeito contrário – a contração do setor produtivo, pelo aumento dos custos, e o aumento da sonegação fiscal e da informalidade –, o secretário estadual defendeu que é preciso esperar uma reposta dos setores.

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