
Texto de Francisca Lopes.
Você partiu desse mundo conduzindo consigo alguns sonhos não alcançados ou revelados. Partiu precocemente. Mas, deixou no solo da educação Ceará-mirinense as sementes plantadas pelo caminho durante a sua trajetória educacional, parte dela vivida no CEI Maria Alice, na comunidade de Massaranduba.
Fez amigos no âmbito educacional por méritos próprios e carisma ímpar.
Sabia como poucos conquistar a confiança dos pequenos aprendizes, pelos quais era responsável na escola, onde exercia com alegria e grande responsabilidade o seu papel de professora da Educação Infantil. Muitas foram as vezes que testemunhei o brilho nos seus olhos ao narrar as ações desenvolvidas junto aos seus alunos. Seu sorriso se ampliava traduzindo a satisfação pelo envolvimento e aprendizado das crianças quando destacava que: “Os meus pequenos, muitos, já sabem relacionar texto com ilustrações quando leio história para eles”. Era exímia contadora de histórias de modo que encantava a cada um dos seus alunos durante a contação, ou ainda, na “roda de conversa.” E, com essa peculiaridade, lhes aguçava o Imaginário Infantil. Era bonito lhe ver destilando amor entre as crianças. Envolvendo-as na arte de brincar, cantar, recontar histórias e representar personagens - parte integrante da rotina inclusa no seu planejamento.
Travei conhecimento com você através da Secretaria Municipal de Educação em virtude do meu trabalho junto a Mediação de Leitura. Não éramos tão próximas. Porém, éramos amigas sim. O ser profissional que você foi, seu jeito espontâneo de lidar com o ato de ensinar, principalmente, nos tornou fraternais uma com a outra. Sempre que nos encontrávamos a alegria se fazia presente.
Hoje, 06 de julho de 2020, exatamente aos quarenta e dois minutos que davam início a tarde desse dia chuvoso, para ser mais precisa: às 12h45min., fui surpreendida com uma mensagem de WhatsApp enviada pelo professor Cláudio Ribeiro: “Soube de Katiane, do CEI Maria Alice”?
Diante do quadro pandêmico vivido, nesse momento, no Brasil e no mundo, muito apreensiva, respondi que não e, acrescentei: Não me diga que aconteceu o pior? Nem aguardei a resposta do amigo no Zap. Olhei em outro grupo e constatei a verdade. Foi impactante. O que li e o que vi me entristeceram profundamente.
O sorriso largo, sempre, estampando no seu rosto ficou gravado apenas na fotografia em uma nota de pesar, que pelo meu entendimento, foi emitida pela Paróquia de Dom Bosco. E, sem dúvidas, na memória dos entes queridos e amigos.
Eu quis lhe prestar uma homenagem. A minha mente imprimia alguns momentos que eu ouso registrar. Do meu espaço de trabalho, diante do computador, sentada à mesa em minha residência, com os olhos marejados de lagrimas, olhei para a frente e vi tão embaçado quanto os meus olhos, os vidros da janela pelas gotas de chuva que caiam. Vi, então, que eu não chorava sozinha. As nuvens, também, choravam. Não sei se pelo mesmo motivo que eu. Talvez tenha sido responsabilizada para regar, nesse dia, o seu caminho de retorno ao Pai Eterno, cuidando de apagar a poeira nele existente para lhe devolver a Deus, juntamente, com tudo que você construiu e fez de melhor aqui na terra.
Rogo a Deus que o seu acolhimento na morada eterna seja por Ele abençoado.
Em nome das crianças que lhe tiveram como professora, peço com humildade que Ele pinte no imaginário de cada uma delas a cena alegre e colorida dos anjos lhe recebendo em festa.
Descanse em Paz, professora e amiga! Você cumpriu o seu papel entre nós. (sic)
0 Comentários
Escreva aqui.