IGREJA UNIVERSAL: Em uma postagem no perfil da igreja, diz curar HIV participando da corrente dos 70

 



Uma postagem feita no perfil oficial da Igreja Universal do Reino de Deus na qual afirma que um casal soropositivo abandonou o tratamento para o HIV e se curou após entrar para uma corrente de orações vem causando revolta em ativistas pela conscientização sobre a doença. A defesa da religião como cura para o vírus é apontada por eles como “um crime”, “um desserviço” e “uma afronta à ciência”. O Fórum de ONG/Aids de São Paulo (Foaesp) protocolou uma denúncia sobre o caso junto ao Ministério Público Federal (MPF) para averiguar os crimes que podem ter sido cometidos.

“É uma irresponsabilidade. Um ato criminoso e irresponsável. Uma afronta à ciência. Um desserviço. Trabalho com Aids desde 1993, quando meu irmão se infectou. Sempre tratamos do tema com muita responsabilidade. Como ativista, me sinto absolutamente desrespeitada. Estão sendo parceiros da morte e não da vida”, afirmou a jornalista Roseli Tardelli, diretora da Agência Aids, portal dedicado a notícias sobre a doença.

Para ela, esse tipo de conteúdo numa rede social pode fazer com que pessoas que tenham dificuldade com os medicamentos ou não aceitem a doença abandonem o tratamento.

“Existem três casos de cura no mundo. A forma são ações com transplantes de medula. O resto é medicamento com tratamento multidisciplinar”, frisou Roseli.

O poeta e ativista de direitos humanos Ramon Nunes Mello também classificou a postagem como criminosa:

“Prometer cura para a Aids através de oração, colocando um casal como propaganda é crime. Estamos em 2022 e o estigma da Aids ainda permanece. A Igreja Universal deveria ser responsabilizada pelo Ministério Público por charlatanismo e curanderismo e ser obrigada a fazer palestra em prol de adesão ao tratamento de HIV/Aids, a única forma cientificamente comprovada de combater o vírus”.

Ele destacou que quando se depara com um caso como esse se sente como se estivesse voltando no tempo.

“Tenho a sensação de viver no início da epidemia, nos anos 80. Não podemos nos calar, isso é uma ofensa a nós que vivemos com HIV. Se alguém decide parar de tomar a medicação para rezar, se responsabilize por sua saúde. O que não pode é uma instituição religiosa incentivar essa prática e prometer cura”, disse.

A postagem no perfil da Universal foi feita na última terça-feira. Nela, há duas fotos: de um casal, identificado como Manoel e Rosemeire, na praia, e outra do homem deitado num leito hospitalar. O texto diz que os dois não aceitaram o tratamento e cita que “o tempo de milagres não acabou”. E finaliza: “Você também precisa de uma cura que é impossível para a medicina? A sua fé pode fazer o milagre acontecer, participe da Corrente dos 70, em uma Universal mais próxima”.

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