ERA SÓ O QUE FALTAVA: Trump atua para emplacar nome de extrema-direita para substituir Papa Francisco


Donald Trump e o papa Francisco, em 2017. Foto: Vatican Pool/Getty Images

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começa a articular uma estratégia para influenciar o processo de sucessão do Papa Francisco, caso o pontífice seja forçado a renunciar ou não resista a seus problemas de saúde. O objetivo, de acordo com interlocutores na Casa Branca, é garantir que o próximo líder da Igreja Católica esteja mais alinhado à agenda ultraconservadora do governo americano.

A operação ganhou força quando Trump escolheu Brian Burch como embaixador dos EUA na Santa Sé, um anúncio considerado por setores do Vaticano como “uma declaração de guerra” ao pontificado de Francisco. “Brian é um católico devoto, pai de nove filhos e presidente da CatholicVote. Ele me representou bem durante a última eleição”, disse Trump, enfatizando o papel de Burch na conquista do voto católico.

Burch, por sua vez, reagiu adotando um discurso genérico, sem sequer mencionar o nome de Francisco ao assumir o posto. “Estou comprometido em trabalhar com líderes dentro do Vaticano e com a nova administração para promover a dignidade de todas as pessoas e o bem comum”, declarou. Nos bastidores, porém, a CatholicVote, organização presidida por Burch, tem sido fundamental para solidificar laços com políticos conservadores e promover pautas como o combate ao direito ao aborto, ao movimento LGBT e à imigração.

Fiéis assistem na Praça de São Pedro, no Vaticano, a canonização de santos. Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

A pressão sobre o Vaticano se reflete em cortes de financiamento para entidades próximas do Papa Francisco, além do fortalecimento de aliados ultratradicionalistas dentro dos EUA e fora dele. Alguns desses grupos celebram a postura de Trump, principalmente quando o presidente se opõe a qualquer iniciativa considerada “moderada” ou “progressista” do pontífice. “Entre proteger os direitos dos manifestantes pró-vida e garantir liberdade religiosa, acho que podemos dizer que o presidente Trump tem sido incrivelmente bom para os católicos”, afirmou o vice-presidente JD Vance, numa oração pela saúde do Papa. 

A resposta do Vaticano veio com manobras como a nomeação de líderes críticos à gestão Trump em posições-chave. Ainda assim, a Casa Branca insiste em articular um “clima” de pressão, seja pela aproximação com cardeais e bispos conservadores ou por meio de ações políticas e jurídicas que reforçam uma agenda de valores religiosos rígidos. “Eles precisam se olhar no espelho”, provocou Vance, em referência ao papa Francisco.

Nos corredores de Washington, a influência de católicos ultraconservadores no governo americano se tornou evidente, com figuras como Karoline Leavitt, Tom Homam e JD Vance apoiando a visão de Trump. Se o pontífice chegar aos 92 anos em meio às tentativas de manipular o conclave, o governo americano quer garantir que, quando chegar a hora, o próximo chefe da Igreja Católica esteja mais próximo das bandeiras políticas defendidas pela atual Casa Branca. As informações são de Jamil Chade, do UOL.


DCM

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