‘Meu filho não volta’: pai cobra respostas após morte de Herus em ação do Bope na festa junina


Fernando Guimarães segura a roupa do filho, que estava com marcas de sangue. Foto: Anne Poly

Fernando Guimarães, pai de Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos, morto durante uma operação do Bope no Morro do Santo Amaro, desabafou nesta manhã em entrevista ao G1: “A gente só quer que alguém nos procure e diga quem autorizou aquilo. Secretário de Segurança, chefe do Bope, que alguém nos procure e explique. Quem autorizou? A vida do meu filho não volta”. Herus foi atingido na barriga enquanto participava de uma quadrilha de festa junina, que reunia dezenas de crianças e famílias, por volta das 4h da madrugada deste sábado (7).

Segundo testemunhas, o Bope entrou “de surpresa, sem aviso” num beco lotado de moradores e visitantes. “Estava tendo uma festa junina, todo mundo feliz, tranquila, cheia de crianças, bebês de colo e, do nada, a polícia chegou, teve uma troca de tiros e agora, infelizmente, estou aqui com o meu filho morto”, relatou Fernando, que contou ter visto o socorro até o Hospital Glória D’Or, em que “tiraram a bala, ressuscitaram ele, e logo em seguida se foi”.

O presidente da quadrilha Balão Dourado, Cristiano Pereira, que estava com um grupo de 60 pessoas, também criticou a ação. “Houve um erro gravíssimo da Polícia Militar”, afirmou. “Estávamos lá dançando, com muitas crianças — inclusive minha filha de 11 anos — e, de repente, surgiu um monte de gente atirando. Vi cinco pessoas baleadas, entre elas um adolescente de 16 anos”.

Em nota, a PM afirmou ter agido em “operação emergencial” contra “criminosos fortemente armados” e que “os policiais não realizaram revide”. A Corregedoria e o próprio Bope já instauraram procedimentos para apurar as circunstâncias dos disparos. O caso segue sob investigação da 9ª DP (Catete), e o Ministério Público informou que qualquer cidadão pode denunciar abusos pelo telefone 127 ou pelo e-mail gaesp.plantao@mprj.mp.br.

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