Exportações de carne brasileira aos EUA caem 80% em três meses


Carnes no frigorífico brasileiro. Foto: Divulgação

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão causando uma queda acentuada nas exportações de carne bovina brasileira para o país, com uma redução de 80% nas vendas de abril a julho de 2025.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), as exportações caíram de 47,8 mil toneladas em abril para apenas 9,7 mil toneladas em julho. A sobretaxa de 50%, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, agrava ainda mais o impacto nas transações comerciais.

Em abril, as exportações de carne bovina brasileira para os EUA haviam atingido 47,8 mil toneladas, mas, com o aumento da tarifa adicional de 10% imposto por Trump, esse volume caiu para 27,4 mil toneladas em maio e 18,2 mil toneladas em junho. O preço médio da carne, por outro lado, registrou uma alta de 12% durante o mesmo período.

Em abril, o valor médio pago pelos importadores americanos era de US$ 5.200 por tonelada, passando para US$ 5.850 em julho. Esse aumento no preço não tem sido suficiente para compensar a drástica redução nas exportações, que afetou diretamente a competitividade da carne brasileira no mercado americano.

O governo brasileiro e a indústria de carne têm procurado negociar com importadores dos EUA para mitigar os impactos da sobretaxa de 50% que pode ser aplicada em agosto. As discussões buscam minimizar os danos e, eventualmente, encontrar uma solução mais gradual para as novas tarifas.

Porém, o governo dos EUA tem se mostrado inflexível e está condicionando as negociações a questões políticas e diplomáticas, como a revisão de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, o que complica a situação. 

Historicamente, os EUA impõem limites de importação de carne bovina, conhecidos como cotas, com tarifas reduzidas para volumes específicos. O Brasil já ultrapassava a cota de 65 mil toneladas com tarifa baixa, exportando mais de 181 mil toneladas entre janeiro e junho de 2025, quase três vezes o volume permitido.

As novas tarifas elevadas, no entanto, devem inviabilizar a continuidade desse fluxo comercial, que tem sido uma das principais fontes de receita para os exportadores brasileiros. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que está liderando as negociações, acredita que os setores produtivos brasileiros podem atuar como protagonistas na busca por uma solução.

epresentantes do mercado começaram em 15 de julho, com a expectativa de que, por meio de uma negociação por etapas, seja possível mitigar o impacto das tarifas sobre a indústria da carne. No entanto, a postura agressiva do governo dos EUA mantém o cenário bastante incerto.

Os 30% da carne brasileira que são exportados correspondem principalmente a cortes que não são consumidos com frequência no mercado interno, como o dianteiro do boi, que é utilizado principalmente na produção de hambúrgueres nos EUA.

Além disso, miúdos de carne são destinados à Ásia, onde são usados em preparações típicas como ensopados. Esse mercado, que até o início deste ano registrava volumes recordes, pode sofrer com as mudanças nas tarifas, afetando também os produtores que dependem das exportações para manter sua rentabilidade.

A medida de Trump também afeta a competitividade da carne brasileira em comparação a outros exportadores, como Canadá e Argentina, que têm preços mais altos. A possível aplicação da sobretaxa de 50% pode colocar o Brasil em uma posição difícil no mercado global de carne, já que a carne brasileira, tradicionalmente mais competitiva, perderia vantagem sobre outros países fornecedores.

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