EUA preparam ataque à Venezuela para as próximas horas, dizem fontes da Casa Branca


O USS Gravely, um destróier equipado com mísseis guiados

O governo dos Estados Unidos está pronto para lançar ataques contra instalações militares dentro da Venezuela, segundo fontes com acesso direto às decisões da Casa Branca ouvidas pelo Miami Herald e pelo Wall Street Journal.

A ofensiva marcaria o início de uma nova fase da campanha norte-americana contra o Cartel de los Soles, organização que Washington afirma ser chefiada pelo presidente Nicolás Maduro e operada por altos oficiais do regime.

As fontes afirmaram que os ataques aéreos podem ocorrer a qualquer momento e têm como objetivo destruir centros de comando, pistas clandestinas e depósitos de armas usados pelo cartel, além de “decapitar sua estrutura hierárquica”.

Segundo estimativas do Pentágono, o grupo exporta cerca de 500 toneladas de cocaína por ano, divididas entre os mercados europeu e norte-americano. Questionados sobre se Maduro seria um alvo direto, integrantes do governo responderam de forma ambígua. “O tempo dele está acabando”, disse uma das fontes.

A escalada militar ocorre após meses de movimentação no Caribe. Desde agosto, os EUA reforçaram sua presença naval na região, criando uma força-tarefa conjunta com três destróieres equipados com mísseis guiados, aviões P-8 de reconhecimento e drones MQ-9 Reaper baseados em Porto Rico.

Em outubro, o porta-aviões USS Gerald R. Ford, acompanhado pelos destróieres USS Carney, USS Roosevelt, USS Ramage e USS Thomas Hudner, foi deslocado para o sul do Caribe.

O grupo de ataque, com mais de 4 mil militares e 90 aeronaves de combate, é descrito por oficiais venezuelanos exilados como o núcleo da “fase final” da operação, voltada a neutralizar líderes do Cartel de los Soles e do grupo criminoso Tren de Aragua.

O Gerald R. Ford, maior porta-aviões do mundo. Imagem: reprodução

A Casa Branca tenta minimizar a possibilidade de uma ação imediata. Donald Trump, ao ser questionado a bordo do Air Force One, negou ter tomado uma decisão definitiva, embora tenha endurecido o tom contra Maduro e seus aliados.

Em agosto, o governo norte-americano dobrou a recompensa pela captura de Nicolás Maduro para US$ 50 milhões, a maior já oferecida, e mantém prêmios de US$ 25 milhões para seus principais assessores, entre eles Diosdado Cabello (ministro do Interior) e Vladimir Padrino López (ministro da Defesa), ambos acusados de envolvimento no tráfico internacional de drogas.

A procuradora-geral Pam Bondi afirmou, à época, que Maduro é “um dos maiores narcotraficantes do mundo e uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos”.

A ofensiva militar foi moldada após Trump reclassificar os principais cartéis latino-americanos como organizações terroristas e criminosas transnacionais, entre eles o Tren de Aragua e o Cartel de los Soles.

O presidente também intensificou as operações marítimas no Caribe, com ataques a embarcações suspeitas de transportar cocaína — 61 supostos traficantes morreram em ações recentes.

Analistas ouvidos pelo Miami Herald avaliam que a amplitude do destacamento indica um plano de pressão direta sobre Caracas, mas não necessariamente uma invasão. “Há poder de fogo suficiente para realizar ataques aéreos e missilísticos, mas não para ocupar o país”, explicou o coronel da reserva Mark Cancian, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Ele compara o cenário a operações de ataques pontuais, como o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, realizado por Washington em 2020.

Pedido de recompensa pela cabeça de Maduro e Diosdado Cabello

Outros observadores, no entanto, acreditam que a movimentação visa desestabilizar Maduro internamente, criando incentivos para deserções dentro das Forças Armadas venezuelanas. “Há mais de um general disposto a capturá-lo, ciente de que há uma diferença entre falar de morte e vê-la se aproximar”, disse uma das fontes ao jornal.

Apesar das negativas oficiais, a movimentação das forças norte-americanas — e a saída nesta semana do destróier USS Gravely, de Trinidad — sugere que a Venezuela está no centro de uma operação militar sem precedentes desde a invasão do Panamá, em 1989.

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