Fugiu Bolsonaro
E assim termina 2023…
Com direito a usar todos os clichês: fugiu o capitão Jair Bolsonaro. Abandonou a presidência da República faltando dois dias para o término do mandato. Saiu de fininho, na ponta dos pés, pela porta dos fundos, na manha do gato, pé por pé, na calada da tarde, escondido, como quem tem muito a encobrir, dissimuladamente, à socapa, como quem teme a luz do dia, sorrateiramente, como o malandro que é.
Fugiu para não passar a faixa presidencial ao vencedor das eleições. Deixou desamparada as vivandeiras que clamam por golpe de Estado à frente dos quartéis. Covardemente, depois de estimular, pelo silêncio, que continuassem a chorar por ele, fez uma live para se fingir de morto. Criticou de esguelha a tentativa de ato terrorista que pretendia praticar um dos seus fiéis e tratou de se distanciar dos choros golpistas para, quem sabe, não ser alcançado pela justiça.
Fugiu o capitão de tantas malícias. Certamente com medo de ser preso por uma decisão judicial intempestivamente. Não é pequena a lista de crimes que lhe atribuem. Certo, a justiça dirá se cabe ou não condenação. Nunca se viu, porém, tamanha desfaçatez. Um presidente que dá no pé, em avião presidencial, no apagar das luzes do mandato, para não ficar a pé. Essa viagem, com dinheiro público, não encontra justificativa moral. Qual a sua utilidade para a nação brasileira? Fugiu o capitão, como quem tem muito a temer, como quem deve e não quer pagar, como quem sente que será pego com a boca na botija. No popular: se mandou Bolsonaro quando sentiu o tempo fechar. Caiu fora sem a menor vergonha na cara. Meteu o pé na estrada em avião presidencial, na surdina. Nunca se viu na história brasileira ato mais vergonhoso. Entrará para os anais da república essa fuga no mais baixo estilo, de arrasto, mostrando os fundilhos para não mostrar a cara, rezando para não ser visto pela mídia, rastejando para melhor sumir de vistas mais elevadas. Fugiu o presidente da república, deixando o país na mão de um general que se recusa a cumprir o papel que agora lhe cabe: passar a faixa ao sucessor. É uma vergonha atrás da outra.
É hora de já ir se acostumando com a falta de coragem do homem. Neste final de ano em que morreu Pelé, sinônimo de perfeição e orgulho do Brasil, e em que faleceu o Papa Bento XVI, que teve a coragem de renunciar quando sentiu lhe faltarem forças para continuar no comando da Igreja, Bolsonaro figurará como exemplo de pusilanimidade. Fez o pior governo da história do Brasil. Aquele em que o chefe da nação preferia estimular a ignorância do que valorizar a ciência, ainda que isso pudesse resultar em mais mortes pela ação do coronavírus. Deu no pé o elemento. Entrará para a história como Capitão Fujão. Como disse alguém, na internet, com a rapidez dos memes e do humor que não perdoa, se houve um dia do fico, Bolsonaro criou o dia do fujo.
Jair Bolsonaro ganhou a presidência do Brasil como quem chega do nada e nada acrescentou. Fingiu ser o novo quando era o que havia de mais antigo. Agora se foi na moita para nunca mais voltar.
Salvo se história se repetir como hecatombe.

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