A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta terça-feira (19), a Operação Contragolpe, que teve como alvo a organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A reportagem é da CNN Brasil e é um dos destaques do Jornal das 6, da 96 FM Natal. Ao longo da manhã, agentes da PF cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e três mandados de busca e apreensão. Outras 15 medidas cautelares também foram aplicadas, incluindo proibição de contato com os demais investigados, proibição de ausência do país, entrega de passaportes e suspensão do exercício de funções públicas.
O Exército acompanhou o cumprimento dos mandados, efetivados no Rio de Janeiro, em Goiás, no Amazonas e no Distrito Federal. A operação teve, como base, um documento elaborado por um dos alvos da investigação, caracterizado como “um verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco”.
Mário Fernandes, general de Brigada (da reserva) e ex-assessor da Presidência de Jair Bolsonaro (PL). Também teve cargo especial no gabinete do deputado federal e ex-ministro Eduardo Pazuello (PL-RJ). Foi quem elaborou o documento que embasou a operação;
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército;
Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército;
Wladimir Matos Soares, policial federal.
“Kids pretos”
Dos cinco, os quatro primeiros (Mário, Hélio, Rafael e Rodrigo) também são integrantes dos chamados “kids pretos”, nome dado a militares das Forças Especiais (FE) treinados para atuar em missões sigilosas e em ambientes hostis ou politicamente sensíveis. São considerados a “elite” do Exército.
“Punhal Verde e Amarelo”
Ainda de acordo com a PF, o plano do grupo era matar os recém-eleitos presidente e vice-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, além do ministro Alexandre de Moraes, chamados pelos codinomes Jeca, Joca e Professora, respectivamente, pelos criminosos.
A data definida para os assassinatos era 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – e antes da posse da chapa vencedora. O planejamento operacional da organização era chamado de “Punhal Verde e Amarelo
Plano era envenenar Lula
Os investigadores descobriram que o plano dos criminosos era de envenenar Lula: “Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, diz o texto. Um veículo militar chegou a ser deslocado no dia marcado para a ação.
Armamento de guerra para capturar Moraes
O documento, elaborado pelo general Mário Fernandes, também especificava o armamento a ser utilizado na captura e execução de Moraes: uma metralhadora, quatro fuzis, quatro pistolas e um lança granada. “São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”, aponta parte da decisão.
Ainda em relação ao ministro, também foram consideradas outras condições para o assassinato, como uso de artefato explosivo ou, novamente, envenenamento. O relatório da PF mostrou algumas das mensagens trocadas entre os integrantes do grupo criminoso.
Mauro Cid sabia do plano
Além do ex-assessor Mário Fernandes, diversas outras figuras ligadas a Bolsonaro tiveram envolvimento no planejamento dos assassinatos. É o caso do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, que participou de reuniões em que militares planejavam as execuções dos três alvos
Segundo fontes da PF ouvidas pela CNN, a situação de Cid é considerada “grave”, e pode acarretar na perda dos benefícios da delação premiada. Um novo pedido de prisão também não é descartado, a depender do depoimento desta terça-feira.
Reunião na casa de Braga Netto
Ainda conforme o relatório enviado pela Polícia Federal ao STF, o ministro Alexandre de Moraes passou a ser monitorado por militares bolsonaristas em novembro de 2022, após uma reunião realizada na casa do general Walter Souza Braga Netto (PL). À época, ele havia sido escolhido para o cargo de vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
Participaram do encontro o próprio Braga Netto, o tenente-coronel Mauro Cid, o major Rafael de Oliveira, lotado no Batalhão de Ações e Comando, e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, assistente do Comandante Militar do Sul – estes dois últimos, presos na operação de hoje.
Conforme o plano dos criminosos, um “gabinete de gestão de crise” seria criado logo após o golpe, sob o comando dos generais Augusto Heleno e Braga Netto. À época, Heleno chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), enquanto Braga Netto havia sido ministro da Defesa e da Casa Civil em diferentes momentos da gestão, acabando por integrar chapa eleitoral com Bolsonaro.
A maioria dos integrantes do gabinete seria de militares. Entre os civis, havia a previsão de que o então assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, ocuparia a função de “relações institucionais”, conforme minuta obtida pela PF.
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