
O relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal revelou, no último sábado (22), que a tornozeleira eletrônica usada por Jair Bolsonaro (PL) apresentava “sinais claros e importantes de avaria”. O documento foi fundamental para embasar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão preventiva do ex-presidente durante a madrugada.
Veja a transcrição do diálogo da agente penal com Bolsonaro
- Policial: “Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?”
- Bolsonaro: “Meti ferro quente aí. Curiosidade”
- Policial: “Que ferro foi. Ferro de passar?”
- Bolsonaro: “Não, ferro de solda”
- Policial: “”Aquele que tem uma ponta?”
- Bolsonaro confirma.
- Policial: “O senhor tentou puxar a pulseira também”
- Bolsonaro: “Não, não, isso não”
- Policial: “Pulseira aparentemente intacta, mas o case violado. Que horas o senhor começou a fazer isso, seu Jair?”
- Bolsonaro: “Lá pro final da tarde”
- Policial: “Final da tarde? Essa tampa chegou a soltar ou não?”
- Bolsonaro: “Não, soltou não”
O relatório conclui que a área danificada é justamente a parte que abriga sensores de localização e integridade do aparelho, considerada o “coração” da tornozeleira. O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal deverá realizar perícia no dispositivo, mas o processo é classificado como simples e deve ser concluído em poucos dias.
A cronologia dos acontecimentos reforça a avaliação da PF e do STF sobre o risco de fuga. Por volta das 17h de sexta-feira (21), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocou, pelas redes sociais, uma vigília em frente ao condomínio do pai, marcada para a noite seguinte.
A PF avaliou que a mobilização poderia atrair centenas de apoiadores e reproduzir o ambiente dos acampamentos golpistas de 2022, dificultando a execução de medidas judiciais.
Às 23h, a Polícia Federal solicitou ao STF a prisão preventiva do ex-presidente, citando risco de fuga e a possibilidade de que a aglomeração comprometesse a fiscalização da prisão domiciliar. À 0h08 deste sábado, o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica registrou a violação do equipamento. A escolta policial foi acionada imediatamente e confirmou o dano, trocando a tornozeleira às 1h09.
Às 1h25, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se a favor da prisão, afirmando: “Diante da urgência e gravidade dos novos fatos apresentados, a Procuradoria-Geral da República não se opõe à providência indicada pela Autoridade Policial”.
Moraes, então, determinou a prisão preventiva, destacando também que aliados de Bolsonaro — como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro — haviam deixado o país para se furtar à Justiça.
O ministro ordenou que a detenção ocorresse na manhã deste sábado, “com todo o respeito à dignidade do ex-presidente […], sem a utilização de algemas e sem qualquer exposição midiática”. Por volta das 6h, a PF chegou ao condomínio e levou Bolsonaro para a Superintendência da corporação em Brasília, onde permanece detido.
A audiência de custódia ocorre neste domingo (23). Enquanto isso, a tornozeleira danificada segue para análise pericial que deverá confirmar o método de violação admitido pelo próprio ex-presidente.
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